DIA MUNDIAL DA DIABETES MELLITUS
Hoje, dia em que se relembra esta patologia tão frequente, decidi cumprir a promessa que ficara pendente há já algum tempo e abordar a terapêutica e as complicações da diabetes.
Para relembrar o que é a diabetes, consultar o post:
http://coursejournal_medicina.blogs.sapo.pt/35364.html
Sucintamente, a diabetes resulta de um distúrbio na produção da hormona reguladora da concentração de glicose (açúcar) no sangue. Esta hotmona designa-se insulina e pode estar completamente ausente (diabéticos tipo-1 ou insulino-dependentes) ou pode estar moderadamente diminuída e associada a uma menor resposta dos tecidos à presença da mesma (diabéticos tipo-2).
Relembrando os principais sintomas da diabetes:
- sede
- desidratação
- aumento do volume urinário (poliúria)
- infecções do tracto urinário
- perda de peso
- cansaço, letargia
- visão turva
O diagnóstico é, geralmente, feito com uma análise à urina ou ao sangue em doentes sintomáticos. Pode ser realizada uma prova de tolerância à glicose oral - PTGO (raramente há necessidade). Os valores considerados normais são:
- glicémia (em jejum): 90-120mg/dL
- glicémia pós-prandial: inferior a 150 mg/dL
- HbA1C (Hb glicada): inferior a 7%
Acima dos 126mg/dL pode fazer-se o diagnóstico de diabetes.
A diabetes acarreta dois tipos de complicações: as microvasculares (nefropatia, neuropatia e retinopatia) e as macrovasculares (EAM, AVC, isquémia dos membro inferiores, ...).
Olho:
A desidratação do cristalino, uma das primeiras consequências da diabetes, leva à característica visão turva dos doentes. Além disso, a acumulação de açúcares no cristalino opacificam o mesmo, levando ao desenvolvimento de cataratas. Mas a patologia mais importante a nível ocular é a retinopatia diabética, causada pela deposição de glicose nos pequenos vasos sanguíneos que vascularizam a retina. Numa primeira fase há a acumulação de exsudados e o surgimento de microaneurismas no fundo do olho; mais tardiamente inicia-se uma processo de neovascularização (com neovasos frágeis) que pode levar a hemorragia vítrea.
Rim:
Os pequenos vasos renais também são muito susceptíveis de serem lesados pela acumulação de glicose: isto vai comprometer a função de filtração do rim, que vai deixar passar certas proteínas que, anteriormente, voltariam ao sangue: aumenta, assim, a excreção de albumina na urina. É um bom marcador, numa fase precoce, das complicações renais da diabetes- microalbinúria.
Nervos periféricos:
Através da lesão dos vasos sanguíneos que os irrigam ou através de uma lesão directa das próprias fibras nervosas. A neuropatia pode afectar nervos motores (dedos em forma de garra, perda de força motora, ...), nervos sensoriais (inicialmente pode aumentar a sensação da dor, mas progressivamente há perda de sensibilidade, o que pode ser particularmente grave) e nervos autónomos (são aqueles responsáveis pelas funções fisiológicas do organismo, podendo levar à bexiga neurogénica diabética ou à disfunção sexual nos homens).
Artérias:
A diabetes conduz ao endurecimento e estreitamento das artérias, o que diminui o fluxo sanguíneo e leva a patologias como: enfarte agudo do miocárdio (EAM), acidente vascular cerebral (AVC). O excesso de peso, o tabagismo, a hipercolesterolémia e a HTA agravam ainda mais estas manifestações macrovasculares, pelo que é fundamentar eliminar estes co-factores ou reduzi-los.
Pé diabético:
É uma das principais características desta patologia. Resulta de uma má irrigação sanguínea, que pode levar à gangrena (necrose) do membro inferior; neuropatia com perda de sensibilidade e dedos em garra, desidratação e perda de elasticidade e ossos mais salientes.
Tratamento da Diabetes:
- ALIMENTAÇÃO - uma dieta equilibrada com refeições regulares, com alguns hidratos de carbono (farináceos) particularmente ricos em fibras, evitar as gorduras e preferir as polinsaturadas (óleo de girassol e de milho, margarinas de girassol), limitar a ingestão de açúcares e doces, evitar o sal em evcesso ; a perda de peso e a prática de exercício regular também são uma medidas importantes
- MEDICAÇÃO - existem actualmente diversos fármacos para controlar a glicémia:
- Biguanidas (metformina) - fármacos de 1ª linha no tratamento da diabetes
- Sulfonilureias (clorpropamida, glipizida, glicazida, ...)
- Acarbose - inibe a absorção de glicose a nível intestinal
- Glitazonas (pioglitazona, rosiglitazona)
- Glinidas
- Insulinoterapia (Lispro, Aspart) - sobretudo para Diabetes tipo 1 e nos diabéticos tipo 2 não controlados com os antidiabéticos orais
Por fim, no Dia Mundial da Diabetes, é fundamental lembrar que as complicações da diabetes podem ser prevenidas e tratadas. Tudo parte de uma alteração do estilo de vida e, eventualmente, de intervenção médica.
Recomendo a consulta da página da Sociedade Portuguesa de Diabetologia: